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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Os pais podem tirar os filhos da escola e instruí-los em casa


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A iniciativa de educar filhos em casa não é pioneira no Brasil. E ministros do STJ já a consideraram um direito constitucional. Frente ao desclabro atual da educação escolar brasileira, defender a imobilidade da terra seria tarefa mais fácil que criminalizar a escolha parental dos que se esforçam para elevar o padrão instrucional e formativo dos filhos. Dois procedimentos me intrigam no debate sobre esse tema. Primeiro o uso de alegações sobre os ?prejuízos? à socialização das crianças. Segundo, a tolerância, particularmente de educadores, com o baixo nível da educação escolar. Pública e privada.
No Brasil não há pesquisa, internacionalmente reconhecida, sobre os efeitos dos cuidados infantis na fase da adolescência e juventude. Enquanto isso, evidências científicass internacionais apontam: o tempo e a qualidade dos cuidados parentais dispensados diretamente às crianças, sobretudo pela mãe, num ambiente familiar estável e estimulante, são os mais forters preditores de bom desempenho cognitivo, social e emocional na vida juvenil e adulta. A despeito das opiniões de nossos experts.
Já a tolerância nacional com o fracasso da educação escolar é infinita. Desde que existe o SAEB, as médias de proficiência em Leitura e Matemática são descendentes. A melhor média de proficiência do país é da rede privada de Minas Gerais: 232,5. Abaixo do mínimo esperado para a série. Em 2003, apenas 4,8% dos concluintes da quarta série e 9,3% dos concluintes da oitava série apresentaram desempenho escolar adequado em Leitura.
A OECD acabou de divulgar dados do PISA 2006. Depois de um retoque na amostra brasileira, o desempenho do Brasil, entre 57 países, é comparável aos da Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Catar, Quirziquistão, Argentina e Indonésia. SAEB, Prova Brasil, INAF e PISA não deixam dúvidas. A educação escolar brasileira, do ponto de vista instrucional, faliu. E há uma novidade. As escolas privadas, com raras execeções, são incapazes de proporcionar um desempenho adequado em Leitura e Matemática e Ciências a nossas crianças e jovens. Fala-se em caos aéreo. Já em caos educacional...
A tragédia não se encerra aí. Há o aspecto da formação. Nem aos leigos escapa a percepção da crise da autoridade na escola. Qualquer pessoa que encare o problema de uma perspectiva real e prática, livre dos cacoetes impostos pelas abordagens teóricas hegemônicas no pensamento pedagógico dos últimos 30 anos, sem o anteparo proporcionado pelo ambiente climatizado das salas de trabalho nas universidades, sabe das atuais dificuldades para o exercício de atividade instrucional proveitosa nas escolas. Professores são reféns de caprichos infanto-juvenis incontroláveis. Fracassaram os pais, fracassaram as equipes pedagógicas, que ?dirigem? as escolas, fracassaram os professores. Ninguém teve força para dizer não.
A pedagogia mainstream ergueu um altar à espontaneidade criadora das crianças e jovens. As famílias entregaram-nas a babás, creches, ou ao trio DVD, video game, computador. Agora a sociedade começa a apelar para uma saída extrema: decretar toque de recolher para adolescentes. Nessas condições, qual a capacidade instrucional e formativa da educação escolar?
Não postulo a desescolarização. Tampouco quero fazer prosélitos. Afirmo, contudo: tenho direito a escolher a educação que seus filhos receberão. Não permanecerei prostrado frente aos prejuízos instrucionais e morais que a educação escolar impõe aos meus filhos. Se apenas os retirasse da escola, agiria sem espírito de cidadania. Trazendo o problema ao debate, defendo, as crianças cujos pais não possuem os meios para ver o que vejo. E empresto minha voz aos que, vendo-o, não possuem as condições concretas para agir.


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